Suponha que você receba um convite para compor um júri popular que irá julgar a inocência de uma pessoa acusada de ter matado um senador. Ao ouvir todas as testemunhas (inclusive o réu), você nota que não há provas concretas nem para incriminá-lo, nem para inocentá-lo. Porém, você tem muitas informações sobre a forma que ocorreu o crime e cada uma dessas informações aumentam ou diminuem a sua desconfiança do réu.
Pois bem, uma alternativa seria você escolher uma hipótese (culpado ou inocente) e pensando sempre nessa hipótese, analisar a probabilidade de ter ocorrido da forma que você sabe que ocorreu o crime. Ficou confuso né?! Vou dar um exemplo: você assume a hipótese do réu ser culpado e sabe que trinta minutos após o crime ele estava em uma aula sem demonstrar nenhum problema. Intuitivamente, você logo pensa que se você assume que ele é culpado, a probabilidade de ter acontecido aquilo que você tem como observação (ele ter ido a aula sem aparentar nenhum problema) é baixa. Porém, você pode estar comentendo um erro. Da mesma forma seria se você assumisse a hipótese que ele é inocente (um erro poderia ser cometido).
Existe um grande debate sobre que erro seria mais grave: Prender um inocente ou deixar solto um assassino? O que importa é que ao supor que ele é culpado ou inocente para fazer uma análise da forma que eu elaborei, você estará dizendo qual erro é mais grave para você.
Para que isso tudo? Para dar uma explicação do que seria uma das ferramentas mais utilizadas na estatística (se não for a mais utilizada). O famoso teste de hipótese consiste em você verificar o quanto a sua amostra (dados observados) é compatível com a hipótese que você julgou mais importante. Para o nosso caso, seria mais ou menos assim:
1) Na minha opinião, por exemplo, é mais grave prender um inocente. Por isso, chamarei a hipótese do réu ser inocente de hipótese nula. A outra hipótese (o réu é culpado) receberá o nome de hipótese alternativa.
2) Supondo então que o réu é inocente, faremos uma análise probabilística de eu ter obtido todas as informações que eu tenho. Se a probabilidade de eu ter obtido todas essas informações for baixa, há indícios de que minha hipótese está errada.
O problema surge em definir o que seria uma probabilidade baixa. Não entrarei nesse mérito aqui, até porque isso varia de área pra área. Uma probabilidade baixa para um juiz não é a mesma coisa que uma probabilidade baixa para um médico. Porém, é bom enfatizar que quanto menor for essa probabilidade, maior será a probabilidade de estarmos cometendo o outro erro: inocentar um culpado (no nosso caso). Portanto, é muito importante a discussão do quão grave seria cada erro cometido.
Nem sempre essa discussão é unânime. Esse caso que coloquei exemplifica bem o cuidado que o estatístico deve tomar ao elaborar suas análises. É necessário muito debate com as pessoas que têm interesse na pesquisa. Para você, o que é mais grave? Prender um inocente ou soltar um assassino?
p.s: quem quiser uma aula mais detalhada sobre testes de hipóteses é só me falar. Cobrarei apenas R$ 50 a hora, hehehe. Zueira, de graça pros brothers!
segunda-feira, 7 de junho de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
7 comentários:
o grande debate devia ser porque jesus (inocente) foi crussificado, e barrabas (assasino) foi liberto!
Seu HEREGE!
O segundo parágrafo envolve probabilidade condicional, né? Eu já te disse que pra mim todas as probabilidades são deste tipo. O Teste de Hipótese é utilizado de forma menos metódica nos laboratórios de Física quando analisamos os erros envolvidos nos experimentos.
Quanto às baixas probabilidades, no campo da Física, a interpretação sobre o quão baixa ela é depende das dimensões em que se está trabalhando e dos instrumentos envolvidos. No que se refere à sua pergunta sobre o que é mais grave, para mim, a partir da perspectiva cristã, seria prender um inocente, já que o ímpio não escapará do juízo divino. Abraço!
Obs.: nota 0 em Português pro mpbrasil4! Meu Deus!
Trata-se da probabilidade condicional sim. Fábio, procure sobre estatística (inferência) bayesiana. Os bayesianos desevolvem técnicas que creio que irão te agradar mais, já que você acha que todas as probabilidades são condicionais.
Abraço
A Cátia, nas aulas de Probabilidade, falava da rixa entre os bayesianos e os clássicos — é essa a terminologia? Eu já te disse que não gosto de Probabilidade, né? Prefiro a opção da Teoria das Possibilidades que usa a Lógica Difusa. Acho mais natural. Quando tiver tempo, verei se estudo mais sobre o assunto. Abração!
Exatamente isso. Sou um estatístico clássico (ou frequentista, se vc preferir). Se der eu posto algo sobre a diferença aqui no meu blog.
ai que complicação!! isso não é pro meu bico não! =) bjoooo
te amo
Postar um comentário