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quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Você é probabilista?

O título do blog pode parecer uma pergunta restrita aos estatísticos, mas não é. Explicarei!

Estou lendo um livro chamado "O andar do bêbado" (Leonard Mlodinow) que explica o quanto a probabilidade faz parte do nosso dia a dia e o quão pouco nos a conhecemos. Para mostrar a falta de intuição em relação as leis básicas da probabilidade, o autor descreve um experimento, que consiste em descrever uma pessoa e citar algumas características possíveis dessa pessoa. Mais ou menos o que fiz no Facebook.

A descrição da pessoa, que chamei de Zucleide, era a seguinte:

Zucleide, de 31 anos de idade, solteira, sincera e muito inteligente. Cursou filosofia na universidade. Quando estudante, preocupava-se profundamente com discriminação e justiça social e participou de protestos contra armas nucleares.


Pedi que cada um atribuisse um número de 1 a 8 nas seguintes características, onde 1 indica que a característica é mais provável em Zucleide e 8 indica a característica mais improvável em Zucleide. Veja a média das respostas:

Zucleide participa do movimento feminista: 3,1
Zucleide trabalha numa livraria e faz aulas de ioga: 4,8
Zucleide é bancária e participa do movimento feminista: 4,3
Zucleide faz aulas de ioga: 4,7
Zucleide é bancária: 4,6
Zucleide trabalha numa livraria: 4,5


Pois bem, se você não viu nada de errado no resultado então sua intuição probabilística precisa ser aperfeiçoada.

Uma das leis da probabilidade diz que a probabilidade de que dois eventos ocorram nunca pode ser a maior que a probabilidade de que cada evento ocorra individualmente. Achou o erro? Vamos lá, pegarei três possíveis descrições que coloquei da Zucleide com seus resultados:

Zucleide participa do movimento feminista: 3,1
Zucleide é bancária e participa do movimento feminista: 4,3
Zucleide é bancária: 4,6

Alguém me explica como é mais provável que Zucleide seja bancária e participe do movimento feminista do que ela ser apenas bancária?

A dificuldade das pessoas de lidar com a probabilidade fica mais evidente se eu disser que, das 19 pessoas que responderam o teste, apenas uma pessoa respondeu algo possível (considerando que nem toda bancária participa do movimento feminista e que nem todas que trabalham na livraria fazem ioga). Quer algo pior? O único que acertou já viu eu fazendo esse teste antes, então não tem como saber se ele responderia certo se não conhecesse o teste.

Pode parecer banal um erro desses, mas o autor cita exemplos em que esse erro pode acarretar graves consequencias (cita o exemplo de um caso em que um juri popular condenou o réu baseado nesse erro).

Intuição probabilística é importante, galera! Não se sinta constrangido pelo erro! Obrigado aqueles que responderam o teste!

Abraço!

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